30.11.05

não preciso de homem nenhum. nem de mulher.
tenho os meus livros. e isto basta.

Se eu fosse apenas um conceito, não teria tanta dor no peito

indagam se sou real.
respondo: e você? o que prova que você é real?

você se considera real porque você se olha em um espelho estúpido e, você, mais estúpida ainda, conclui a essência de sua existência. mas, e se um dia você for dormir e não conseguir acordar mais? e se colassem as tuas pálpebras e você nunca mais pudesse abrir os olhos? não estaria morta ainda, apenas sonhando. e do que adiantaria o teu corpo, então? lixo, puro lixo.
pois é, assim que me sinto diariamente. há tempos que renunciei o meu corpo. alma também não tenho. tenho a imaginação apenas. e isto basta.

(sinceramente, dane-se o que pensam de mim. eu sou aquilo que sou e não aquilo que gostariam que eu fosse. não tenho paciência alguma para ser analisada. terapia é para os fracos.)

olá, eu sou uma quimera.

(ou eu sou a Macabéa?)





"Aí Macabéa disse uma frase que nenhum dos transeuntes entendeu. Disse bem pronunciado e claro:
- Quanto ao futuro.
Terá tido ela saudade do futuro? Ouço a música antiga de palavras e palavras, sim, é assim. Nesta hora exata Macabéa sente um fundo enjôo de estômago e quase vomitou, queria vomitar o que não é corpo, vomitar algo luminoso. Estrela de mil pontas.
O que é que estou vendo agora e que me assusta? Vejo que ela vomitou um pouco de sangue, vasto espasmo, enfim o âmago tocando no âmago: vitória!
E então - então o súbito grito estertorado de uma gaivota, de repente a águia voraz erguendo para os altos ares a ovelha tenra, o macio gato estraçalhando um rato sujo e qualquer, a vida come a vida. "

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